Chef Renato Caleffi

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Como foi a experiência de viajar por 2 meses?

Queria antes de mais nada agradecer sua audiência e atenção nesses últimos 60 dias. Recebi inúmeras mensagens carinhosas pelos compartilhanentos de nossa aventura

E o Diário do chef acaba por aqui? Qual sua opinião?

Estou finalizando uma experiência desafiadora que é ficar fora de casa por 2 meses. Desafiadora porque sair da rotina não é tão fácil assim. Para mergulhar nessa experiência, escolhi ficar em Airbnb com cozinha para primeiramente gastar menos, cair em menos ciladas gastronômicas, comuns e pega turistas, para também manter o mínimo de uma rotina saudável e poder usar os ingredientes locais, que é o mais delicioso. E foi, ir ao mercado, férias e peixarias. Mesmo assim, estar em uma cozinha nova e sem seus apetrechos, continua sendo desafiador, e olha que eu levei facas, pegador, ralador, balança…

Algumas cozinhas foram melhores que outras, mas nenhuma fácil de lidar, foi confuso algumas vezes e algumas camas também foram duras e travesseiros muito altos. Acho que os airbnbs e hotéis deveriam mencionar sobre o colchão e travesseiro, você não acha? Mas brincadeiras a parte, esse não é o desafio da vida, tentar fazer o desapego, ver beleza em tudo, aceitar os erros e escolhas. Mas eu sei que não é fácil. Mas de certa forma, eu estava preparado para tudo, se você não arrisca, você você não vive e fica preso nos sonhos.

Foram 5 cozinhas diferentes, 8 residências, 8 possibilidades de acertos e erros. Nosso roteiro foi construído por 9 noites de Roma, 9 noites em Atenas, 12 noites na ilha de Naxos, 12 notes na ilha de Paros, 4 noites na ilha de Tinos e depois optamos por ficar em hotéis: 5 noites em Mykonos e 7 noites no norte da Itália, incluindo Roma para finalizar a volta.

A quantidade de dias em cada lugar foi estratégica para conhecer de fato um lugar com calma e sem ter que abrir e fechar milhões de vezes uma mala. Tivemos a sorte de ter várias viagens dentro de uma viagem e ao mesmo tempo conseguir que ela fosse crescente em belezas, novidades e sabores.

Se você me perguntar o que eu mudaria nesse roteiro, não saberia dizer. Se você me perguntar qual o aprendizado de uma turnê de 2 meses eu diria que ampliei minha biblioteca sensorial, minha percepção sobre a vida e estilo de vida de outra cultura. Amadureci meu conceito sobre o estilo de vida saudável e minha flexibilidade em saber equilibrar a rotina alimentar fora de casa sem me estressar. O Alexandre disse que nunca me viu comer tanto glúten na vida, Isso mesmo, convivi com o comer glúten, sódio dos embutidos e curados italianos,, lactose e caseína dos queijos locais, do feta e do iogurte, porém, sem a ansiedade e o nervosismo. Ainda acho que o glúten na Europa é melhor que o nosso e o leite também. Eu sei porque senti na pele.

Viajar é uma arte e também estar sujeito a tantos fatores que não vale a pena pensar nisso. Eu tive que procurar um dentista no começo da viagem, mas podia ser pior, afinal de contas. Aprendi também a conviver com minha unha encravada, e nesse momento eu converso com ela, dizendo para esperar mais 24 horas para chegarmos até a Terezinha, minha podóloga. O mais importante mesmo, foi que ninguém de nossa família adoeceu, morreu ou precisou de nossos cuidados. Eu rezava antes e durante a viagem. Meu pai está bem e cada dia melhor!

Por aqui, quebramos apenas um dente perto do nervo, e que vamos concordar, poderia acabar com os meus dias. Também ficamos 1 semana sem mala, nesta fase final. Mas contornamos, porque como dizem, isso é perrengue chique.

Não adoecemos nem pegamos covid nem sequer uma gripe. Só uns dias de desarranjos até meu corpo acostumar com a comida diferente. Afinal, o corpo fala com você de todas as formas, não é mesmo?

Extraímos tudo o que cada cidade podia nos dar, tanto que nos despedimos com louvor de cada ilha sem pensar em retornar tão cedo para Naxos, Paros, Tinos e até Mykonos. Estamos prontos para novas ilhas! Porque eu sei que uma hora vou sentir saudade novamente da simplicidade dos sabores gregos.

Terminamos a jornada felizes, realizados, repletos de histórias, cultura e receitas novas. Também bolha no pé, cansaço e loucos por nossa casa e nosso conforto do lar. Voltamos com kilinhos a mais, essencial para qualquer viagem de sucesso, não é? Pode rir!

Ávidos por suco verde, salada verde, café especial, comida saudável e a volta de nossas séries preferidas. Acredita que ficamos 2 meses sem assitir um filme e uma série? Parece até brincadeira para uma pessoa que adora isso.

E os vinhos?. Momento de colocar o fígado e o corpo para descansarem.

Como você pode notar, viajar tanto tempo assim é sinônimo de sobrevivência!

Eu adorei escrever o diário do chef e vou continuar por aqui com novidades de outras viagens, Paraty, São Paulo e novos lugares e até com receitas, vídeos, aprendizados e reflexões sobre estilo de vida saudável e alimentação consciente. O que acha disso?