O início do diário do chef. Vamos viajar juntos?

 
 

Dizem que são os sagitarianos que adoram viajar, e eu conheço muitos sagitarianos assim, aliás, eu sou um deles. Mas eu prefiro pensar que a paixão por viajar é algo mais profundo, é uma essência, uma natureza e uma qualidade inata e congênita, que transcende os signos. Eu, por exemplo, tenho ao meu lado um virginiano e assim como eu, ele tem o pé na estrada e respira a filosofia do viajante.

A sensação de viajar é como um néctar, que entorpece, que causa sensação de euforia e que rejuvenesce. Viajar é uma das atividades mais enriquecedoras que uma pessoa pode realizar, além de uma forma de canalizar o estresse, contribuir para uma melhor qualidade de vida e aumentar a longevidade. Ela proporciona momentos de lazer e diversão, viajar também permite conhecer novos lugares, culturas e pessoas, o que expande horizontes e enriquece o conhecimento.

Cada tipo de viagem pode oferecer diferentes experiências e desafios, mas todas elas contribuem para a formação de memórias inesquecíveis. E para mim, o sabor de uma aventura gastronômica com comidas e costumes locais tem valor inestimável; gosto de dizer que esse conhecimento expande nossa biblioteca sensorial.

Outro benefício de viajar é o de contribuir para o desenvolvimento pessoal e estimular a criatividade. Muitos menus e cardápios surgem de minhas viagens e minha forma de ver o mundo se modifica e melhora ao ver o estilo de vida do outro. Toda viagem tem o poder de mexer comigo, de contribuir para meu crescimento.

E cada viagem é uma viagem, e dessa vez estamos comemorando, Ale e eu, uma década juntos. E de presente, essa viagem!

 

Nosso decálogo…
Muito sol, praia e calor, comida gostosa, daquelas feitas com poucos ingredientes e a simplicidade de uma vida que aprendemos a admirar e a viver. Essa viagem é a mistura do que mais gostamos: comida, bebida e natureza. Sim, a natureza e geografia semiárida misturada com orégano e alecrim, as plantações de oliveiras, o vinho e o azeite, as estradas sinuosas, as ruas labirínticas, os palácios deteriorados pelo tempo e o melhor que um vilarejo pode lhe proporcionar. Uma mistura ou uma receita que eu encontro muito bem na Grécia e na Itália!
Aliás, uma fusão cultural greco-romana que deu certo, pelo menos aos meus olhos, e que sempre me surpreende. Às vezes até eu me pergunto: Renato, novamente Itália e Grécia? Mas quer saber, é o aniversário de 10 anos do casal, tudo isso pertence à nossa história, tudo isso é o que mais nos faz sentir vivos.
É o sotaque e o gesticular desses povos, as vestimentas, os sabores de suas receitas, as pedras, as colunas e as arenas, o tom arqueológico e mitológico com o simples do mar, suas areias e montanhas. Agora você já sabe para onde estamos indo e o motivo… Quer dizer, tem mais para eu te contar. Tem um novo projeto! E nesse projeto tem escrita, tem comida e mitologia: um enredo perfeito para essa viagem dar certo.

A Dieta dos Deuses: meu novo livro
Neste blog ou melhor, neste diário do chef, você irá se deparar diariamente com notícias únicas dessa nova aventura, e que não estará em outra rede, nem facebook e nem instagram. É um estimulo para eu fazer uma das coisas que mais adoro nessa vida, além de cozinhar e viajar: escrever! E esse diário do chef é um presente para você, que gosta de ler, se entreter, já leu meus livros e gosta de viajar comigo. E além disso, você também terá noticias frescas do meu novo projeto: meu novo livro, A Dieta dos Deuses. Vou corrigir, nosso livro, pois o Alê, como editor e especialista em mitologia grega, vai me ajudar bastante. É com alegria que eu compartilho essa nova noticia. Estou escrevendo A Dieta dos Deuses, um livro com conceitos da gastronomia funcional, mitologia e receitas, baseadas na dieta dos deuses gregos e romanos, e na culinária mediterrânea, assim como no estilo de vida de povos centenários e longevos que vivem nas ilhas e povoados como Ogliastra na Sardenha e Ikária na Grécia.

Quem são os Deuses gregos e romanos, e o que eles comiam?
O que as pessoas mais centenárias com qualidade de vida comem e fazem?
Quais os ingredientes que promovem saúde com potencial de cura?
Quais as receitas que este chef funcional escolherá para esse novo livro?
O que você pode aprender para garantir um estilo de vida mais saudável com longevidade?
 

Gostou da novidade? Me conta! Sabia que você pode mandar mensagens por aqui? Estamos juntinhos nesse diário, onde você pode me dizer o que você está mais curtindo, o que você gostaria de ver, e você pode mandar também dicas e sugestões.

Próximo destino: Roma.
É pra lá que eu estou indo, mas antes quero que você entenda um pouco mais a minha relação com a Itália e com Roma. Eu tenho uma verdadeira adoração pelos italianos, pela culinária, pelas belezas de suas cidades, pela confusão, pelo Campari…E cada vez que eu desbravo essa terra eu admiro mais ainda esse povo e essa terra. Aliás, esqueci de te falar, mas foi nesse ano de 2023 que eu consegui desenrolar um pouco da minha origem e descendência italiana, a minha história.

Um pouco da história dos meus antepassados italianos…
Meu bisavós Teodoro Caleffi e Vincenza Bastasini Caleffi nasceram no norte, em Mantova. Eles tiveram uma história digna de novela, se apaixonaram mas a guerra fez Teodoro ficar um bom tempo afastado. Vicenza foi prometida pelos seus pais para outro. Quando Teodoro retornou, eles fugiram, se casaram e vieram para o Brasil, em busca de novas oportunidades. Duras e amargas oportunidades por sinal, em uma fazenda de café, em Minas Gerais, onde então, nasceu minha avó, Maria Caleffi.
Mas antes mesmo de eu saber de tudo isso, eu já estava apaixonado pela Itália, sobretudo depois de visitarmos a região da Puglia, Sicilia, Sardenha, Nápoles, Toscana, Costa Amalfitana, Matera e Roma. E cada região na Itália, assim como o Brasil, tem um jeito de viver, comer, e até de se vestir. E agora eu quero falar de Roma.

Roma em 3 atos: do ódio à paixão.
A minha primeira vez em Roma foram pouquíssimos dois dias. Eu conhecia a Roma romântica dos filmes clássicos “Candelabro Italiano", “A Princesa e o Plebeu” e da culinária que todos nós conhecemos. Nesta primeira vez, fomos nos lugares mais óbvios, turísticos e clichês, que eu chamo de necessário. Confesso que foram dias corridos e exaustivos. No primeiro dia eu visitei vários pontos turísticos como a Piazza Navona, Piazza di Spagna, Fontana di Trevi, Trastevere, Monumento a Víttorio Emanuele II da Itália, Fontana dei Quattro Fiumi, Castelo Sant'Angelo, Panteão, e muito mais, com um pequeno detalhe: tudo a pé, e haja pé! São locais lindos, mas que precisam de tempo para serem degustados. No dia seguinte nada de descanço, fomos ao Coliseu, Fórum Romano, Termas de Caracala, Mercado Trajano, Palatino, a Bocca della Verità, comer no Eataly… Lugares definitivamente incríveis, mas para uma Roma de mais dias. Roma é muito grandiosa e monumental para se fazer de forma tão rápida, e foi na Bocca della Verità que eu tive essa resposta.

Bocca della Verità
A Bocca della Verità é uma famosa máscara de pedra, uma atração turística popular em Roma, e muitos visitantes fazem fila para colocar a mão na boca da máscara. A lenda diz que se alguém disser uma mentira enquanto sua mão estiver na boca da máscara, a mão será mordida. Acredita-se que a Bocca della Verità tenha sido usada em juramentos durante a Idade Média, com acusados sendo obrigados a colocar a mão na boca da máscara para provar sua inocência. A máscara foi transferida para a fachada da igreja de Santa Maria in Cosmedin no século XII e imortalizada em várias obras de ficção, incluindo o filme "Roman Holiday" (a Princesa e o Plebeu) com Audrey Hepburn e Gregory Peck.
A minha vontade era de fazer o mesmo que a Audrey Hepburn e é claro, imortalizar numa linda foto esse momento. Mas veja bem, a fila era gigantesca de centenas de pessoas que tiveram a mesma ideia. Em Roma, uma foto pode ser bem difícil, aliás, mais difícil é conseguir capturar a grandiosidade da paisagem, do monumento e do espírito. Em resumo, eu não sabia se tinha me divertido ou me cansado mais.

Segundo Ato
O segundo ato é mais rápido ainda, uma Roma de pouco menos de 8 horas numa conexão que saímos do aeroporto para curtir um pouco de solo romano. Você ja fez essa aventura de deixas as malas guardadas no aeroporto e ir bater perna? É desafiador e requer coragem sobretudo no alto verão europeu, escaldante e cheio de turistas.

Terceiro Ato
A terceira vez de Roma foram novamente 2 dias intensos, porque definitivamente Alexandre e eu somos intensos, porém, dessa vez foram dias inesquecíveis. Esquecemos os pontos turísticos e os monumentos de cartões postais, quer dizer, somente um basiquinho, o Vaticano, que eu não conhecia e amei, mas teve também um piquenique inesquecível no bairro de Trastevere. Fomos também em alguns bares de vinhos naturais. Comemos alcachofras, pastas clássicas, tiramisù e uma coleção de experiências tão maravilhosas que eu prometi voltar e degustar um pouco mais de uma cidade que eu me apaixonei. Jurei voltar e usar a cidade de Roma como um ponto estratégico para se pegar um trem e desbravar outros lugares da Italia.

Cumpre dizer que sinto ainda o sabor do queijo de leite sardo com tartufo que comi nas escadarias do chafariz da Piazza de Santa Maria in Trastevere. Ainda tenho na memória a arquitetura de lindos prédios romanos e comidinhas autorais dos bares de vinhos naturais.
Eu me recordo de lojas e empórios com aromas e comidas que não podia comprar pois não tínhamos tempo para degustar, nem lugar para cozinhá-las. Passamos várias vezes, por exemplo, por uma loja onde estavam expostos vários pedaços de carne, que embora parecesse com o nosso bacon e toucinho, era o autêntico guanciale. Consigo fechar os olhos e sentir o aroma do defumado e de especiarias.

Guanciale
O guanciale é um ingrediente crucial na preparação da carbonara italiana, um prato de massa que leva ovos, queijo pecorino romano, pimenta-do-reino e o próprio guanciale. O guanciale é uma carne curada feita da bochecha do porco e é conhecido por ter um sabor intenso e defumado.
Pois então, que seja uma promessa, será nessa loja que eu comprarei os ingredientes para o preparo do nosso primeiro carbonara feito por minhas mãos em solo romano. Com certeza você irá acompanhar e vivenciar tudo isso comigo. Vamos juntos?

 

Carbonara
A carbonara é uma receita clássica da culinária romana e é geralmente servida com espaguete ou bucatini. A escolha dos ingredientes é fundamental para uma carbonara perfeita, e muitos italianos acreditam que a autenticidade do prato é comprometida se você usar outros ingredientes como creme de leite ou bacon em vez de guanciale e queijo pecorino. Para preparar a carbonara, o guanciale é cortado em pedaços pequenos e frito até ficar crocante. Em seguida, é misturado sua gordura com os ovos e o queijo para criar o molho cremoso que é adicionado à massa. E o que iremos descobrir juntos é se o guanciale pode estar muito crocante mesmo, se é so parmesão ou pecorino, ou um pouco dos dois, se os ovos são inteiros ou somente as gemas e por fim, como se faz a mantecatura com a própria água do cozimento da massa.
Embora a origem exata da carbonara seja desconhecida, há várias teorias sobre sua criação, incluindo a ideia de que o prato foi criado pelos carbonários, trabalhadores que produziam carvão vegetal. Independentemente de sua origem, a carbonara é um prato amado por muitos e é frequentemente encontrado em menus de restaurantes italianos ao redor do mundo.
No proximo relato do diário, eu vou te contar sobre o bairro que escolhi viver os próximos dias em Roma: Pigneto! E também irei contar sobre nosso primeiro dia por lá, desde o aeroporto. Será que eu já irei às compras? Será que vou conseguir realizar minha promessa de começar como tudo terminou da ultima vez? Será que a primeira refeição em casa será a pasta alla carbonara? Te espero por lá…

 
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O decálogo romano.