O decálogo romano.
Essa viagem, como eu disse, é a celebração de 10 anos de uma vida e história de amor. O amor e o propósito regem minha vida e eu utilizo a palavra “decálogo" para designar um estilo de vida próprio, baseado nos princípios que estabelecemos. A palavra "decálogo" é de origem grega e se refere a um conjunto de dez princípios ou regras que guiam uma determinada área ou domínio. O termo é frequentemente associado aos dez mandamentos na tradição judaico-cristão. No contexto mais amplo, o decálogo pode ser aplicado a diversas áreas, como ética, filosofia, leis ou até mesmo orientações para a vida cotidiana.
Eu também me inspirei em “O Decálogo” do cineasta polonês Krzysztof Kieślowski (autor da trilogia das cores estrelada pela Juliette Binoche), uma série que o Alexandre me apresentou na primeira semana que nos conhecemos. O Decálogo é uma série de dez filmes independentes, cada um inspirado em um dos dez mandamentos. Cada filme aborda temas complexos e morais, explorando as nuances da natureza humana e questões éticas. Kieślowski usa uma abordagem cinematográfica sofisticada e simbólica para transmitir suas mensagens, com atuações fortes e imagens visualmente impressionantes. Seus filmes são aclamados pela crítica e são considerados uma das obras-primas do cinema polonês. Eles mergulham nas profundezas da condição humana, oferecendo reflexões poderosas e provocativas sobre a moralidade e as escolhas que enfrentamos na vida. Mas vamos aos relatos deste dia…
Chegamos em Roma!
Chegamos em Roma por volta das 6h30 da manhã. Pegamos nossas bagagens, eu sempre fico aflito em saber se elas chegarão juntas conosco, depois compramos o tickets para o trem. A forma mais rápida e barata é pegar o trem na estação colada ao aeroporto, é o Leonardo Express, custa 14 euros por pessoa e te leva até Roma Termini, que é a estação central que liga todas as outras linhas destino. Você pode ir para a Florença, Veneza ou qualquer outro bairro romano. Você sabia que o melhor meio de transporte para viajar entre as cidades e regiões da Itália é o trem e depois o ônibus? Você viaja por todos os cantinhos desse país mágico. E antes que você me pergunte, alugar uma bike ou vespa está fora de cogitação para nós. Seria lindo mas muito perigoso. O dia hoje está lindo, brilhante e ensolarado, com a média de 30 graus. E eu preciso dizer mais uma vez: como eu amo essa terra! Estamos eufóricos e já começamos a falar o nosso “italianês" de araque.
Nossa nova moradia
Deixa eu contar um pouco sobre nossa casa italiana. Ela fica num bairro muito especial, distante dos turistas e somente frequentados por locais. E é essa a sensação que eu quero ter dessa vez. O bairro é lindo, antigo, com casas em espaços que se parecem com chácaras, cheia de plantas e flores, janelas grandes com venezianas de madeira. A nossa casa é pequena e simples, bem no estilo romano, próxima de uma praça, de um café, uma enoteca, mercados, bares e feiras de rua.
Aliás, achar uma casa aqui boa com custo-benefício é tarefa difícil, tudo muito caro, com pouca estrutura de cozinha e às vezes muito longe do trem. Uma coisa muito comum é o italiano alugar a sua própria casa com ele dentro. Interessante, né?
Como eu eu já disse antes, Alê e eu somos muito intensos e nos entregamos a tudo que realizamos de forma profunda com muito amor e propósito. Lembre-se que estamos numa jornada de comemoração de 10 anos de história juntos e começaremos com 10 dias em Roma. tudo aqui é ritualístico. Decidimos por uma casa autêntica romana, localizada num bairro chamado Pigneto, bairro descontraído, jovem e pulsante, que aparenta ter muita personalidade e charme. O objetivo do nosso decálogo é viver ora como turista, ora como um local, explorar não só a cidade, mas também seus arredores. Visitar museus, palácios, jardins, cafés, bares, enotecas de vinhos naturais, confeitarias, e sobretudo ir aos mercados locais. Saborear cada compra de ingredientes locais e da estação, e cozinhar não só receitas autênticas italianas, mas nas minhas versões saudáveis, nesse bairro que escolhemos a dedo: Pigneto!
Pigneto significa “cidade sem maquiagem”, periferia para todas as tribos. Uma Roma que não aparece nos cartões postais: aquela das fontes monumentais, edifícios históricos ou praças gigantes. Ele antigamente era habitado principalmente por trabalhadores e imigrantes, mas agora é uma área de artistas, músicos e jovens profissionais, com muitos bares, restaurantes, galerias, cinema e teatro. Soa até um pouco familiar para quem conhece o bairro da Vila Madalena, em São Paulo. Mas você descobrirá comigo, se tudo isso é verdade ou não.
Pigneto é conhecido por sua arquitetura única, com suas ruas estreitas e edifícios coloridos que datam do início do século XX, durante o dia o bairro abriga um colorido mercado de frutas e verduras na Via del Pigneto, onde os moradores locais compram produtos frescos, como frutas e legumes, peixes e carnes. No final da tarde e à noite, esse calçadão transforma-se em reduto de lanchonetes , bares, wine bars, laboratórios artísticos, livrarias alternativas e em via de cinéfilos. Acredite, isso está a apenas 350 metros de nossa nova casa romana.
O que será que este domingo ainda nos reserva?